No âmbito da actividade 4 da UC de Educação e Sociedade em Rede, do Mestrado de Pedagogia em Elearning da Universidade Aberta, e na sequência de um debate realizado no fórum de discussão online desta disciplina, pretendo fazer uma síntese sobre a questão da autenticidade e transparência na rede.
Foi interessante reflectir um pouco sobre a nossa identidade, para tentar perceber se, com o advento da Internet, passámos a ter mais de uma identidade ou o seu prolongamento.
Nem sempre queremos mostrar quem autenticamente somos, por isso pode ser fácil transpor para o ambiente virtual a “falsidade” do Eu. Por exemplo, os dados pessoais e profissionais estão omissos ou, quando visíveis, são alterados. Talvez isso seja feito para esconder, proteger ou salvaguardar a nossa intimidade. Há quem prefira também manter-se anónimo em fóruns de discussão online ou em ambientes virtuais (ex.: Second Life), onde se cria um avatar que pode não ser o representante fiel. Parece que a vontade aqui é impedir que o Outro nos veja a nós tal como somos... Portanto, não se consegue fundamentar que há transparência total no ciberespaço.
É curioso observar que, mesmo em ambiente virtual, o indivíduo continua a precisar de relacionar-se com pessoas, partilhar experiências e conhecimentos com os outros. A nova tendência é reunirem-se em grupos sociais online a fim de partilharem interesses comuns. Lembrando-nos de Castells, graças à Internet e às TIC, vivemos actualmente uma era da informação e do conhecimento. A sociedade caracteriza-se por uma nova forma de comunicação que valoriza a informação, alterando desse modo a estrutura vigente. A informação flui a velocidades e em quantidades antes inimagináveis.
CONCLUSÃO:
Talvez este novo ambiente tenha fomentado junto desses utilizadores da Internet uma vontade de criar uma nova identidade – adequar a sua personalidade a um mundo desconhecido mas muito exigente a vários níveis - para marcar um lugar e fazer-se, assim, reconhecer como diferente entre tantos outros. Será que a necessidade de criar identidades diferentes (digitais) ameaça a estabilidade da sociedade “tradicional”? A verdade é que as referências se alteraram para se sobreviver nesta nova era tecnológica.
Outra temática pertinente abordada foi a fraude intelectual. Talvez seja precipitado concluir que este tipo de fraude possa aumentar com o advento da Internet. Como afirma a colega Cecília, a fraude intelectual sempre existiu e, embora através da Internet seja fácil praticar a fraude intelectual, também esta tecnologia permite identificar rapidamente onde há essa mesma fraude.
O plágio mereceu uma atenção especial no debate, porque a propriedade intelectual parece nem sempre ser respeitada na Internet. Este comportamento deve ser alterado pois todos os conteúdos disponíveis online estão “licenciados”, isto é, estão protegidos pelos direitos de autor, mesmo que a licença não esteja visível.
CONCLUSÃO
Se calhar a Internet veio contrariar a prática, consciente ou não, do plágio. Sabendo os estudantes ou outros indivíduos, a título pessoal ou profissional - será que os jornalistas dão sempre crédito ao autor? –, que há um enorme risco de serem descobertos e, consequentemente, penalizados pelo professor ou avaliador, a fraude intelectual pode é estar a diminuir, graças à Internet…
Chegados a este ponto, podemos então perguntar-nos se a rede é segura e como é garantida ou não a qualidade da informação partilhada.
Sendo a Internet a grande Rede, à qual confluem outras redes mais pequenas, mas não menos complexas, percebemos que este conceito de rede mudou definitivamente a gestão da informação. A possibilidade de poder aceder a uma outra máquina aumenta as vantagens daquela em que nos encontramos. Mas essa conectividade traz riscos.
Embora a maior parte dos utilizadores não consiga, por si mesmos, garantir a segurança sobre as suas participações na Internet, muitos serviços online já oferecem, de forma satisfatória, essa possibilidade. No entanto, a preocupação pela segurança mantém-se. Como lembra a colega Lauriza, os ataques efectuados têm aumentado de tal maneira que “colocam em xeque as nossas crenças. Lançam por terra nossas elaborações sobre segurança.”
Aliás, desde o início que esta questão da segurança na Internet tem sido um foco de discussão.
CONCLUSÃO
Portanto, nenhum utilizador deve ignorar as formas como pode proteger-se contra os ataques que podem por em risco aquilo que constrói (um exemplo: fraude intelectual) e partilha nesse ambiente virtual. A única forma de combater esse mal é continuarmos a passar a mensagem que a segurança na Internet se faz tomando regularmente as devidas precauções (exemplo: tornar visíveis as licenças dos conteúdos disponibilizados no ciberespaço).
Quanto à credibilidade da informação que é partilhada na Internet, fez sentido relacionarmos esta questão com a fraude intelectual. Ora, nem sempre é possível saber que a informação que recolhemos foi exclusivamente criada pelo autor identificado.
Como sabemos, uma das formas de avaliar a qualidade da informação é saber quem a elaborou. Tendo isto em conta, uma das saídas é seleccionar os conteúdos disponíveis na Internet, através deste critério.
CONCLUSÃO
É difícil garantir que toda a informação que circula nesse mundo virtual tenha a mesma qualidade e, por isso, seja sempre credível. Talvez seja por isso que, cada vez mais, os profissionais se juntem em comunidades sociais para concentrar nessas redes a informação de que precisam e partilham. Os motores de pesquisa, como o Google, estão assim a perder terreno, porque os critérios que são utilizados para os resultados da pesquisa que apresentam deixaram de ser aceites por utilizadores mais "informados".
Por fim, haverá alguma entidade que controla esta rede tão complexa?
A Internet é um difusor por excelência de informação, no sentido de ter um elevado potencial – é tecnologicamente aberta - nessa disseminação junto de grupos de todas as gerações (“sociedade interactiva”), criando mesmo novos comportamentos, como é o caso da comunicação mediada por computador (CMC). Aliás, esta comunicação acaba por ser o medium para a interacção pessoal e a expressão de pensamentos e preocupações, tornando-se numa nova forma de organização em rede. “O modelo de comunicação electrónica”, afirma Castells, “de muitos-para-muitos, representado pela CMC, tem sido usado de diferentes formas e com diferentes propósitos, tantos quantos o alcance da variação social e contextual dos seus utilizadores” (Castells, pág. 476).
O colega António apresentou uma lista de sites de entidades que já controlam ou procuram exercer esse controlo sobre o acesso a alguns serviços da Internet ou proibir que o utilizador se conecte, como sanção a determinados comportamentos não aceites, por exemplo, por um governo.
Será que as novas formas de regulamentação dos governos pretendem assegurar o direito dos cidadãos terem acesso a uma informação confiável, a notícias autênticas, seguras e verificáveis? Talvez seja apenas mais uma forma de repressão... O que não significa, porém, que seja possível a uma só entidade dominar a expansão dos meios de comunicação de massas ou a grande quantidade de dados que circulam actualmente pela Internet.
Se isso um dia acontecer, espero que tenha como missão prioritária garantir os mínimos de qualidade da informação e não estabelecer limites (censura?) ao seu acesso. Lembremo-nos que o objectivo inicial foi criar um ciberespaço aberto e livre.
CONCLUSÃO
Na minha opinião, ninguém consegue controlar aquilo que está disponível na Internet. Falando da organização dos Estados Unidos, ICANN, o que esta entidade controla é a distribuição de endereços e nomes. A ICANN garante que cada computador ligado à rede seja identificado por um único número e um único nome.
No entanto, parece haver grande interesse dos países em controlar alguns aspectos da dinâmica desse mundo virtual. Não só foi criado o domínio de cada país - em Portugal é .pt -, como já censuram a utilização de certos conteúdos e serviços.
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REFERÊNCIAS
Castells, M. (2003) A Sociedade em Rede. A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura, Vol. 1, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian.
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