2010/12/31

Avaliação de conteúdos educativos online

A Internet fornece informação e conhecimentos que têm vindo a crescer sempre. Mas nem sempre este repositório extenso é sinónimo de qualidade (disponibilizar recursos não tem por si mesmo valor educativo), pois encontramos facilmente informações irrelevantes. Portanto, o utilizador deve preocupar-se com a selecção que faz dos conhecimentos que pesquisa, bastando para isso avaliar criticamente os sites e seus conteúdos.

Tendo em conta a aprendizagem em contexto online, os professores precisam de perceber como os conteúdos online são estruturados e que controlo o utilizador, enquanto aluno de cursos online, tem sobre a sua exploração. Será que este possui um comportamento behaviorista ou construtivista?

Estes aspectos da avaliação da qualidade dos conteúdos educativos são objecto de estudo de Fernando Albuquerque Costa (Universidade de Lisboa), num artigo intitulado "A aprendizagem como critério de avaliação de conteúdos educativos online", em que conclui que "é nos objectivos definidos para a aprendizagem que devem ser encontrados os principais critérios de avaliação da qualidade dos recursos que através da Internet podemos utilizar com fins educativos".

Aproveito para disponibilizar ainda uma apresentação deste autor sobre a mesma temática.


Avaliação das aprendizagens em contexto online

No âmbito da unidade curricular de CAEL do Mestrado de Pedagogia em Elearning da Universidade Aberta, participei com a colega Telma Jesus na análise dos seguintes artigos:

A) “Aportaciones de la tecnología a la e-Evaluación” de Barberà (2006). Disponível online em http://www.um.es/ead/red/M6/ [acedido em 2010-12-14].

B) “Avaliação da aprendizagem na educação online: relato de pesquisa” de Barreiro-Pinto & M. Silva (2008). Disponível online em http://eft.educom.pt/index.php/eft/article/viewFile/59/40 [acedido em 2010-12-15].

C) "Problemáticas da avaliação online" de M. J. Gomes (2009). Disponível online em http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/9420/1/Challenges-09-mjgomes.pdf [acedido em 2010-12-15].

D) "Avaliação em processos de educação problematizadora online" de A. Primo (2006). Disponível online em http://www6.ufrgs.br/limc/PDFs/EAD5.pdf [acedido em 2010-12-14].

Pela leitura destes artigos, percebemos que são muitas as características que configuram os actuais ambientes virtuais de aprendizagem e a sua configuração baseia-se nas oportunidades que as novas tecnologias de informação e comunicação oferecem. A interacção entre os vários intervenientes do ensino online tem revelado uma diversidade que se relaciona com o desenvolvimento tecnológico. Por sua vez, se este ambiente virtual se diferencia dos modelos clássicos da educação em geral, não deixa de reconhecer o valor que têm as várias modalidades avaliação, desde que se concentrem em produtos e resultados suportados pela tecnologia.

Se é verdade que o ensino online aponta para um novo paradigma de aprendizagem, torna-se então necessário pensar em novos conceitos e práticas pedagógicas que respondam às novas necessidades de professores e alunos. E esse desafio é a avaliação da aprendizagem online mediada por computador, com recurso aos serviços disponibilizados pela Internet. Este tipo de avaliação apresenta vantagens e desvantagens, mas os seus instrumentos devem adequar-se ao contexto educativo em questão.

A cooperação revelou-se um instrumento indispensável numa aprendizagem em contexto virtual, porque não só permite que o saber seja construído colectivamente e se encontrem em conjunto, soluções para os problemas (o aluno reconhece a responsabilidade da sua aprendizagem e o papel que assume no progresso dos seus colegas), como também, é um caminho possível para conhecer com maior profundidade o Outro.

Os alunos trabalham conjuntamente para resolver problemas concretos, mas o professor continua a ter o papel fundamental de mediador nas suas discussões. Por sua vez, o professor não deve ser o único a avaliar aquilo que vai sendo produzido, porque deixar que os alunos partilhem e avaliem dentro do grupo os trabalhos e que os discutam entre si, fomenta a interacção social e a construção de saberes baseados em conceitos e teorias.

Aproveitamos para disponibilizar abaixo o nosso trabalho e convidamo-vos a deixar sugestões e comentários que possam melhorá-lo.

2010/12/13

Directrizes para a qualidade de cursos online

No âmbito da unidade curricular de CAEL do Mestrado de Pedagogia em Elearning da Universidade Aberta, participei, com os colegas Cecília Tomás, Hugo Domingos e Maria João Spilker, na análise, discussão e elaboração de uma síntese do artigo QUALITY GUIDELINES FOR ONLINE COURSES: THE DEVELOPMENT OF AN INSTRUMENT TO AUDIT ONLINE UNITS, de Anthony Herrington, Jan Herrington, Ron Oliver, Sue Stoney e Jackie Willis.

Para realizarmos este trabalho, começámos por traduzir o artigo (VER AQUI), depois criámos uma síntese escrita sobre o artigo (VER AQUI), e, finalmente, decidimos desenvolver a nossa leitura do artigo através de uma apresentação (análise resumida), elaborada com recurso à ferramenta digital online Prezi (trabalho disponível AQUI).

Este trabalho de grupo permitiu que trocássemos regularmente impressões sobre os novos conceitos abordados no artigo, esclarecer dúvidas directamente relacionadas com a problemática, e partilhar e aprofundar conhecimentos que fomos construindo juntos. Rapidamente percebemos que a disponibilidade não era a mesma entre nós, pelo que foi preciso organizarmo-nos e distribuir tarefas iniciais que correspondessem às capacidades próprias de cada um.

Depois, à medida que o trabalho se ia compondo, soubemos apoiar-nos mutuamente, quer para conhecer e dominar melhor as ferramentas online seleccionadas para elaborar a síntese quer para aperfeiçoarmos juntos o trabalho final. Os encontros síncronos (através de chat), a troca de mails e as notas que foram sendo escritas por todos, à medida que os vários textos iam sendo elaborados, foram momentos fundamentais para a evolução do trabalho e sucesso da interacção entre os elementos do grupo.

Foi interessante eu ter percebido que um trabalho desta natureza não só me ajudou a aprofundar conhecimentos, como também incentivou que , na sequência da pesquisa de informação, produzisse mais conhecimentos relacionados com a problemática em discussão. Graças à troca de impressões com os colegas, foi possível corrigir uma ou outra ideia mal formulada ou ajudar um colega a compreender melhor conceitos que eram desconhecidos.

Portanto, a estratégia de estudo adoptada para desenvolver esta actividade revelou-se eficaz e promoveu resultados de aprendizagem muito positivos.

O nosso grupo decidiu, ainda, fomentar uma discussão mais alargada, propondo novas questões para ajudar a compreender a importância que a elaboração de directrizes tem para o ensino online. Deixo-vos abaixo essas questões. Não hesitem em participar, escrevendo neste blogue os vossos comentários.

TESE:
Um dos maiores desafios que as Universidades enfrentam no processo de ensino-aprendizagem é proporcionar cursos online de qualidade.

QUESTÕES:
a) Como analisar e medir a qualidade de um curso em ambiente online?
b) De que modo os programas de ensino a distância ou em contexto online e a disponibilização de recursos institucionais podem desenvolver ou manter uma qualidade educacional que motive os alunos e prepare os professores para uma aprendizagem de sucesso?


2010/12/11

Avaliação da qualidade de cursos online: directrizes

A discussão entre os investigadores sobre a a avaliação dos cursos desenvolvidos no contexto online tem promovido a elaboração de modelos orientadores para a caracterização desta problemática e a indentificação dos aspectos mais relevantes que devem constar no percurso desse debate. Temos os seguintes casos:

a) "Considerations for Developing Evaluations of Online Courses", de Achtemeier et al. (2003).

b) "The ideal online course", de A. Carr-Chellman & P. Duchastel (2000).

c) "Quality Guidelines for online Courses:The Development of an Instrument to Audit Online Units", de Herrington et al. (2001).

d) "Defining, Assessing, and promoting E-learning Sucess: An information systems perspective", de C. Holsapple & A. Lee-Post (2006).

e) "E-learning Quality: The Concord Model for Learning from a Distance", de R. Tinker (2001).

Estes artigos sugerem modelos diferentes para abordar a questão da avaliação da qualidade dos cursos online. Mas estarão a apresentar metodologias diferentes para chegar às mesmas conclusões? E quais são essas conclusões?

Na minha opinião, os autores levam-nos a perceber que a discussão da qualidade (e eficiência) dos cursos online deve concentrar-se na sua concepção e disponibilização e, ainda, no modo como o professor e alunos interagem entre si (produção, comunicação e avaliação) e com os materiais/recursos, porque estes factores têm um papel importante em atrair e motivar os alunos para esta modalidade de ensino (e-learning). Se Alison defende que há factores que têm de ser considerados para fazer um curso online, será que contradiz Tinker por este focar a promoção da colaboração dos alunos online? Ou ainda, a lista de verificação baseada em quadros de referência utilizada na avaliação de materiais educativos (Herrington) não pode complementar os princípios fundamentais que Achtemeier pede que sejam respeitados no ensino online eficaz?

Pela leitura dos artigos, verificamos que a concepção de um curso em contexto de e-learning considera o modo como o aluno aprende. Nesse sentido, houve preocupação em definir como pode ser desenvolvida a comunicação entre todos os intervenientes e que instrumentos estão disponíveis para suportar e garantir a eficácia dessa comunicação. Além da comunicação, a reflexão recaiu também na colaboração entre os participantes do curso e qual é a importância em haver regularmente feedback sobre as actividades realizadas.

É sobre a colaboração que faço algumas considerações.

Gostava de concentrar-me, em particular, nos artigos "E-Learning Quality: The Concord Model for Learning from a Distance", de Robert Tinker, e "Quality Guidelines for online Courses: The Development of an Instrument to Audit Online Units", de Anthony Herrington et al., porque abordam bem esse aspecto, entre outros naturalmente.

Quanto ao Modelo Concord, a colaboração entre estudantes deve ser aproveitada para desenvolver discussões online entre eles, enquanto são realizadas as actividades do curso. Estas discussões são assíncronas e espera-se que sejam planeadas cuidadosamente pelo professor, por exemplo, na distribuição e sequencialização das actividades ao longo do tempo e na definição da composição dos grupos de trabalho. Tinker considera que deve haver limites quanto ao número de elementos nas equipas, sendo 20 a 25 o máximo para um grupo participar numa discussão geral, enquanto que 2 ou 3 elementos é o número adequado para equipas pequenas. Nessas discussões, o professor pode intervir para orientar os alunos e esclarecer questões ou dificuldades sentidas pelos alunos, sobretudo relacionadas com as teorias e conceitos, no desenrolar da discussão. Ora, esta interacção poderá alcançar resultados de aprendizagem mais satisfatórios se o ambiente for cativante e as actividades motivadoras e desafiantes, criando-se assim mais oportunidades de colaboração entre os alunos, como referem os autores do outro artigo (Herrington et al.).

Nestes artigos, os autores defendem ainda que uma discussão bem executada promove a confiança entre os alunos e na sua relação com o professor e no aproveitamento do próprio curso. Aliás, a confiança só é possível se o grupo de trabalho funcionar. Para isso ser conseguido, a organização dos horários é um instrumento fundamental no sucesso da colaboração, porque o objectivo do curso online é que todos possam partilhar experiências e produzir conhecimento juntos. Por sua vez, a concepção do curso online tem como função proporcionar e assegurar a flexibilidade de que precisam os alunos para participar nos fóruns de discussão, isto é, prever que as próprias actividades têm tempos específicos e que isso influencia no desenvolvimento das discussões dos alunos.

Certamente que há mais aspectos relacionados com a colaboração que podiam ser trazidos para uma discussão sobre a avaliação de cursos online, mas quis sobretudo sublinhar que foi uma opção acertada dos investigadores evidenciarem que o trabalho colaborativo é uma forma de aferir a qualidade do curso.

Adoptando uma perspectiva geral dos modelos acima referidos, percebo como, na fase da elaboração do curso online, são importantes os factores ligados à tecnologia. Como sabemos, o aspecto que salta mais à vista é que esse curso tem de estar disponível na WWW e que o seu sucesso está directamente relacionado com o aproveitamento que pode ser tirado desse ambiente virtual. É o caso das ferramentas digitais usadas para comunicar e realizar trabalhos colaborativos, são os vários espaços online criados para a disponibilização de conteúdos educativos (Carr-Chellman & Duchastel, 2000). Falar em e-learning é pensar na Internet.

Quando o desenvolvimento do curso integra em si mesmo as potencialidades oferecidas pela Internet, devemos considerar que há agora uma situação nova: os alunos já não estão confinados a um espaço específico nem estão condicionados por horários idênticos. O que faz aumentar muito o número de interessados em frequentar esses cursos, sobretudo numa época em que o acesso à Internet se democratizou. E criar cursos online atraiu, pela mesma razão, a atenção de muitas instituições de ensino e outras entidades que chamaram a si essa função (ex.: formação profissional, formação contínua, etc.) Portanto, a transição do ambiente tradicional para um ambiente virtual (novo, diferente...), exige cuidados e a reflexão de todos.

Segundo Carr-Chellman e Duchastel, as vantagens relacionadas com a criação de cursos online parecem ser muitas, mas temos de ser cautelosos, como correctamente alertam, quando transferimos comportamentos do ensino tradicional para esta modalidade, sob o risco de os cursos se revelarem ineficazes. Assim, é pertinente, cada vez mais, apostar na avaliação dos cursos online e incluir nessa atitude a preocupação sobre o modo como são utilizadas as novas tecnologias de comunicação. Ou seja, o facto de estarem disponíveis online, de os utilizadores estarem familiarizados com a sua funcionalidade e de servirem (também por isso) de suporte na elaboração de um curso online não significa que estão preparadas para serem pedagogicamente eficazes.

Posso concluir que há muitos aspectos que entram em jogo quando as ferramentas Web 2.0 são utilizadas em contexto educativo, tais como, entre muitos outros abordados nos artigos, a comunicação entre os intervenientes no processo de aprendizagem, a interacção dos alunos na realização das actividades, o uso dos recursos disponibilizados numa plataforma digital, etc.

Naturalmente que não podemos definir as garantias para a elaboração dum curso online “ideal”, mas é fundamental que os interessados nesta modalidade de ensino saibam que a qualidade dos cursos passa pela avaliação de muitos dos seus elementos. Os momentos comuns para essa avaliação estão já delineados. Lembro quais são: concepção, disponibilização e resultados. Enfim, é interessante observar como todos se interligam na concepção do curso online.

2010/12/05

Ferramentas Web 2.0 e o "E-learning"

A partir de um curso dado por George Siemens e Stephen Downes sobre a teoria do Conectivismo*, um grupo de estudantes da escola Wendy Drexler elaborou o vídeo abaixo, onde evidenciam a importância que as ferramentas digitais Web 2.0 disponibilizadas na Internet têm junto dos estudantes na sua relação com a aprendizagem.

O e-learning está a evoluir graças às novas tecnologias que a Internet vai disponibilizando às instituições de cursos online disseminadas por todo o planeta. Como é possível definir as fases de evolução do e-learning, já podemos pensar também em e-learning 2.0, porque "today, e-learning mainly takes the form of online courses", como afirma Downes no seu artigo "E-learning 2.0" (Outubro, 2005). Não só a discussão da qualidade dos cursos online deve ir no sentido de serem averiguadas as ferramentas digitais Web 2.0 pedagogicamete mais eficazes, como deve considerar também como pode ser feita a sua disponibilização. As instituições de ensino de cursos online têm um papel importante na organização das tecnologias aplicadas em contexto de e-learning.

___________________________________________________
Notas:
* "Connectivism is the integration of principles explored by chaos, network, and complexity and self-organization theories. Learning is a process that occurs within nebulous environments of shifting core elements – not entirely under the control of the individual." (George Siemens, Dezembro de 2004)


Aqui está o vídeo dos estudantes:

Colaboração no séc. XXI

Sir Ken Robinson tem viajado pelo mundo para debater questões relacionadas com o desenvolvimento da criatividade e inovação e o seu impacto na educação e economia na Europa, Ásia e Estados Unidos. É o autor de “Out of Our Minds: aprender a ser criativo” (2001) e “The Element: Como Encontrar Sua Paixão Changes Everything” (2009).

Uma pergunta importante: Se a colaboração é um processo, como é que os professores podem aprender e ensinar esse conceito?

Robinson explica que nem sempre a previsão do professor/educador é suficiente para que o trabalho educativo seja bem feito.É preciso dar lugar aos outros intervenientes, como os alunos, de modo a que demonstrem como a criatividade pode contribuir no processo de aprendizagem.

Vejam este vídeo para saber a opinião de Sir Ken Robinson sobre a colaboração neste século.