A turma de MPEL'04 desenvolveu uma discussão no fórum online da unidade curricular de CAEL, no âmbito do
Mestrado de Pedagogia em e-Learning, da Universidade Aberta, à volta da temática "Actividades, instrumentos e modalidades de avaliação em contexto de formação online".
Foram previamente analisados os artigos científicos indicados no fim deste post.
Seguidamente à análise desenvolvida em pequenos grupos, foi decidido realizar uma discussão geral que permitiu trocar impressões e esclarecer com mais profundidade os conceitos abordados nos artigos. Um dos objectivos principais desta estratégia era cruzar os conhecimentos construídos pelos vários grupos na actividade anterior.
Tratou-se do último debate da turma nesta unidade curricular que, nem por isso, deixou de esmorecer o dinamismo que tem caracterizado a participação de todos nos debates desenvolvidos nos momentos mais importantes desta aprendizagem (Veja-se o número extenso das participações que transpus abaixo.). As conclusões que os estudantes formularam ajudaram, sem dúvida, a assimilar correctamente as questões principais duma problemática importante para o ensino online: actividades, instrumentos e modalidades de avaliação em contexto online.
Aproveito então para realçar as conclusões que me parecem mais importantes:
1. INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO
1.1 Ferramentas online
- A qualidade da avaliação online representa uma grande preocupação. A tecnologia que se encontra em constante evolução também influencia a qualidade do ensino e da avaliação.
- A avaliação que decorre em contexto online, permite aos alunos assumirem um papel mais participativo e activo, inserindo-se em comunidades de aprendizagem e manifestando atitudes autónomas, responsáveis e de auto-controlo e auto-direccionadas.
- O potencial das ferramentas digitais (sejam elas e-portfólios ou a imensa panóplia de ferramentas da Web 2.0) só poderá ser atingido através de uma "desformatação", em especial dos professores. Há necessidade de se reconhecer que a relação dos alunos com a tecnologia está em mudança e que isso tem impacto nas suas expectativas e experiências da educação.
1.2. Fóruns de discussão online
- A constituição do sentido de comunidade de aprendizagem é em grande parte gerada no espaço dos fóruns.
- Esta comunidade deve ser fomentada de forma a proporcionar um clima favorável à exposição de pontos de vista. As discussões resultam de um trabalho em grupo, em que todos são responsáveis por participar, partilhando o conhecimento e manifestando abertura para opiniões diferentes.
- À medida que ganhamos prática na colocação dos posts e nas intervenções nos forúns, há uma preocupação em focar aspectos que de alguma forma dêem vida ao debate, fazendo com que a troca e partilha de ideias ganhe forma e se transforme num retrato mais completo e rico relativamente aos conteúdos que vão sendo abordados.
- As experiências de aprendizagem com suporte da Web2.0 podem sair da comunidade escolar, quando são publicados trabalhos, ideias ou fontes de informações nos nossos blogues ou perfis nas redes sociais. Deste modo, envolvemos outros indivíduos e até colegas de profissão. Esta possibilidade de trocarmos ideias com essas pessoas é uma mais valia à nossa experiência de aprendizagem, pois podemos ser confrontados com ideias nunca antes partilhadas na nossa comunidade.
- Há vários tipos de fóruns, a ferramenta Fórum de Discussão (não somente na plataforma Moodle) tem como ser configurada de várias formas, indo ao encontro de objectivos variados. No nosso mestrado temos utilizado dois tipos de fórum: notícias (em geral, configurado para que somente o professor possa colocar mensagens de vital importância para a UC) e o fórum geral. O fórum geral tem sido utilizado para colocar perguntas (fóruns de apoio) e, associados às atividades, para debate e apresentação de trabalhos.
- Temos também discutido em fóruns fechados e somente apresentado trabalho no fórum da turma. Este tipo de trabalho tem muitas vantagens, mas também algumas desvantagens, que creio podemos e devemos ainda debater sobre, até porque as sentimos bem na pele.
- Existe ainda a possibilidade de configurar o fórum de forma a que exista uma única linha de discussão, normalmente iniciada pelo professor e por ele moderada e, em muitos dos casos, com o objetivo de evitar que seja outra coisa para além dessa discutida.
- Os fóruns abertos permitem uma participação mais alargada e mais enriquecedora do que os fóruns de grupo.
- A participação dos alunos nos fóruns exige a leitura dos posts e a colocação dos seus próprios posts, procurando gerar um diálogo através do qual o tema ou temas são desenvolvidos/ aprofundados e problematizados com os diferentes contributos dos participantes, num fluxo que pode ser mais ou menos controlada pelo e-professor.
- Num fórum de discussão há que se ter uma visão geral do assunto em discussão e essa visão é conseguida através da leitura de todos os posts. Cabe a cada interveniente usar de várias estratégias de leitura, tais como a leitura rápida e vertical e a leitura atenta e mais pormenorizada, fazendo um filtro dos posts com maior ou menor informação relevante. Esta é uma estratégia a desenvolver.
- A opinião geral é que não deve haver um número máximo de contribuições. Por questões variadas, os alunos podem não conseguir participar todos nos primeiros momentos do debate. Se os primeiros participantes elaborarem um elevado número de posts estão a limitar a participação daqueles que por indisponibilidade não participaram de início.
- Uma das vantagens dum forum de discussão é promover a discussão, por isso haverá mais possibilidades de ser rico e produtivo se forem definidos limites ao número de posts. Se for estabelecido um mínimo, pode haver tendência para fazer textos mais extensos onde se procura dizer tudo e isso não vai motivar a discussão.
1.3 E-portefólio
- O e-portefólio dá-nos realmente a oportunidade de seleccionarmos o que melhor evidencia o nosso percurso e melhor contribui para a nossa avaliação/classificação.
- As discussões em fóruns e os e-portefólios são ferramentas de avaliação que deviam assentar numa transparência e na possibilidade que ela dá de reformular o produto final. Ao ver a forma como um aluno comenta o trabalho dos seus colegas e dá sugestões para melhorarem algum aspecto, o professor tem elementos que lhe permitem avaliar esse aluno.
- O e-portefólio dá, por exemplo, a possibilidade de se apresentar a versão 1 e a versão melhorada do mesmo trabalho, permitindo uma avaliação que contemple o produto e a evolução do aluno.
- A utilização do e-portefólio e fóruns de discussão online como processo de avaliação principal, é inviável em larga escala. Eles funcionam como processo individual e sem obrigatoriedade do aluno participar.
- Um e-portefólio está sempre a ser actualizado e que a avaliação que o professor faz desse e-portefólio também tem de se ir actualizando porque como o portefólio resulta da reflexão do aluno ele pode ir alterando-o à medida que a sua aprendizagem vai progredindo.
- Um ambiente online de aprendizagem precisa enquadrar eficientemente os objectivos dum portefólio como instrumento de aprendizagem e avaliação, identificando antes de mais "... the differences between using the portfolio as assessment of learning (a high stakes assessment model) and using portfolios for learning (as a tool to bring about self-awarness and met-cognition)" (Barrett, 2005, pág. 14).
2. MODALIDADES DE AVALIAÇÃO
2.1 No contexto do fórum de discussão online
- A avaliação dum fórum de discussão não deve ser feita só no fim, mas o profess
or deve ir acompanhando a discussão para acompanhar o processo e para dar a oportunidade aos alunos de reformularem o seu raciocínio se for caso disso.
- A forma como os fóruns são desenvolvidos nem sempre permite que as intervenções sejam muito longas sejam positivas, por condicionar a interacção entre os participantes.
- A avaliação das participações nos fóruns de discussão, como forma de aferir a interacção e participação dos intervenientes, pode assumir as seguintes categorias:
Participação passiva - a participação de contacto com o fórum de discussão, registada pela plataforma Web, sem qualquer manifestação escrita;
Participação activa - toda a acção traduzida por expressão escrita no fórum de discussão.
2.2 Heteroavaliação
- A avaliação promovida pelos professores (nas várias unidades curriculares deste mestrado) levou-nos a mudar e a conseguir criar discussões mais interessantes.
- No ensino online, a avaliação pode não ser uma responsabilidade exclusiva do professor e ser também partilhada com os seus pares (colegas de turma; comunidade exterior).
- Quanto às estratégias de moderação do professor ou do tutor, estudos mostram que a preferência dos estudantes recai sobre pequenos grupos de discussão conduzidos pelos próprios estudantes. Esses estudos atestam as vantagens dum ambiente de discussão com este tipo de moderação. Quando a moderação é feita pelos próprios estudantes, estes utilizam uma variedade de estratégias mais conducentes ao despertar de ideias inovadoras, conversas autênticas, motivação para participar, confirmando-se assim as intervenções de muitos colegas sobre a vantagem de deixar as nossas discussões.
2.3. Autoavaliação
- Não estamos habituados à auto-avaliação e estamos ainda menos habituados à avaliação pelos pares. Quando isso nos é solicitado parece que nos é pedido que prejudiquemos um colega se dissermos que não apreciámos determinado trabalho. Esta prática tem de ser fomentada de forma gradual, dissociando incialmente a ideia de avaliação da de classificação.
- O aluno a partir dos diversos feedbacks efectua uma autorreflexão e uma autoavaliação da sua aprendizagem devendo o processo de aprendizagem ser acompanhado a fim de se verificar se o rigor terminológico e científico é o adequado.
- O trabalho realizado em comunidade permite aprender mais, graças ao feedback da avaliação que dai surge. Temos de confontar outras opiniões e pontos de vista e isso ajuda a problematizar e a reflectir sobre o nosso próprio trabalho. É uma aprendizagem mais profunda, onde se desenvolvem aspectos como a auto-refelexão e consequentemente a auto-regulação das aprendizagens. Esta visibilidade ajuda a tomar consciência das estratégias metacognitivas. Isto é um processo individual e um desenvovimento da autonomia.
- A aprendizagem em ambientes online facultam uma visão global do percurso do aluno, permitindo a realização duma avaliação baseada num trilho construtivo e formativo, sob a forma de uma apreciação final sobre o seu percurso, nomeadamente um e-portfolio, ou sob a resolução de um determinado problema como uma situação de “estudo de caso”, sendo este último abordado no artigo trabalhado.
- A reflexão quer para o e-portefólio quer para a resolução do “estudo de caso” permite ao professor percepcionar melhor as direcções escolhidas e as razões dessas escolhas por parte dos seus alunos, sendo esta reflexão e análise de máxima importância em termos avaliativos em e-Learning.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CATHERINE, McLoughlin; LUCA, Joe (2001) Quality in online delivery: What does it Mean for assessment in E-learning Environments? ASCILITE 2001 Conference proceedings. Disponível em http://ascilite.org.au/conferences/melbourne01/pdf/papers/mcloughlinc2.pdf (acedido em 3 de Janeiro de 2011).
HAMMOND, Michael (2005) “A review of recent papers on online discussion in teaching and learning in higher education” Journal of Asynchronous Learning Networks. Disponível em http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.109.1716&rep=rep1&type=pdf (acedido em 3 de Janeiro de 2011).
MASON, Robin; PEGLER, Chris & WELLER Martin (2004) "E-Portfolios: an assessment tool for online courses" British Journal of Educational Technology, Vol 35 Nº6 (717-727). Disponível em http://www.sarasotaintranet.usf.edu/ir/Documents/DistanceLearning/mason.pdf (acedido em 3 de Janeiro de 2011).
VONDERWELL, Selma.; LIANG, Xin & ALDERMAN, Kay (2007) "Asynchronous Discussions and assessment in Online Learning" Journal of Research on Technology in Education; Spring 2007; 39, 3; ProQuest Education Journals, pg. 309. Disponível em http://eric.ed.gov/PDFS/EJ768879.pdf (acedido em 3 de Janeiro de 2011).